A Prefeitura de Cataguases promoveu um concurso público de arquitetura para selecionar um projeto para o desenvolvimento de um pórtico, um portal de entrada, para a cidade. O projeto selecionado foi desenvolvido pela equipe do Estúdio Trilho, cujos arquitetos proprietários são os professores Filipe Quaresma Poyares de Oliveira e Marina Oliveira Franzini, do curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas de Cataguases (FIC), além dos estagiários e estudantes do curso, Talita Batista Medina e Yago Silva Nunes.
O projeto foi selecionado por uma comissão formada por profissionais da área de arquitetura, engenharia e patrimônio, e é composto por um pórtico de entrada para a cidade e um mirante, cujo caminho se dá por uma rampa acessível, elevada cerca de 2m do nível da calçada, a fim de olhar para a curva do Rio Pombo mais adiante.
Os estagiários e estudantes de arquitetura Yago e Talita contribuíram desde o início da proposta, da construção teórica e conceitual até a materialização da proposta em um objeto arquitetônico. Os alunos desenvolveram pesquisas acerca da história da cidade, referências projetuais, tecnologia e materiais de construção, legislação urbana e rodoviária, acessibilidade, paisagismo, além de terem desenvolvido diversos croquis e desenhos técnicos ao longo do processo de desenvolvimento e amadurecimento da proposta, até chegarem na proposta final. Sendo creditados como coautores do projeto.
O pórtico é formado por dois pilares em “V”, de concreto armado, conectados por vigas que formam jardineiras onde, se propõe o plantio de espécies trepadeiras, como a Tumbérgia- azul. Tal estrutura em concreto dá suporte a uma estrutura metálica treliçada, não muito distinta da que se vê por aí nas coberturas das lajes de algumas casas. No entanto, aqui ela está parcialmente escondida pelas laterais. Acima desta cobertura, foram previstos painéis solares para abastecimento das luminárias de todo o jardim, letreiro e rampa do projeto. Por fim, a face inferior do pórtico é formada por uma tela que permite a visão das trepadeiras e cria uma sombra parcial tal qual a de uma árvore.
O mirante por sua vez, é composto por uma parede em concreto aparente que sustenta a laje do mirante propriamente dito e a rampa acessível. Essa parede tem um vão que permite a passagem de um lado para o outro do mirante, permitindo observar tanto o rio como o pórtico em si.
Os dois elementos não se tocam, são totalmente independentes. Essa foi uma decisão projetual para criar uma relação complementar e de tensão entre eles, além de permitir a construir em etapas distintas, caso necessário.
De acordo com o conceito elaborado, o pórtico representa os elementos da cidade que mudam ao longo do tempo, enquanto o mirante procura chamar a atenção para aqueles elementos originários e permanentes, tal qual o rio. Diversos momentos e personagens, com protagonismos igualmente distintos, construíram a cidade de Cataguases. Mas durante estas mudanças, não deixaram de ser também “o povo que mora no país das matas”; uma das traduções para o nome Cataguás, em referência ao nome dado ao pórtico.
A intenção do projeto foi referenciar-se na arquitetura modernista, que destaca a cidade a nível nacional, sem, no entanto, limitar-se a esta linguagem arquitetônica. Para tanto buscou-se empregar materiais e técnicas construtivas atuais e principalmente chamar a atenção para outras questões como a importância do rio e das árvores no futuro da cidade.
Como suporte ao pórtico, foi proposto também um estacionamento com quatro vagas para automóveis e também um bicicletário, para os visitantes do pórtico/mirante. Além disso, os elementos construtivos do mirante possuem dispositivos acessíveis como um totem com mapa tátil e indicação em braille, rampa com inclinação segundo a norma, assim como sinalização e piso tátil.